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Á descoberta de novas aprendizagens do Elearning...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

BIBLIOGRAFIA ANOTADA - REA




  • PRIMEIRO RECURSO
Referência:
Sebriam, Débora (08/03/2012). Recursos Educacionais Abertos, Como usar, criar e compartilhar.[Apresentação no Slideshare]

Descrição:
Esta apresentação referenciada encontra-se disponível no Slideshare e aborda a temática dos Recursos Educacionais Abertos na perspetiva da sua criação, uso e partilha. Este material foi elaborado no âmbito da Open Education Week.
A autora começa por apresentar a definição de REA segundo a UNESCO com a colaboração da Comunidade REA do Brasil reportada a 2011. Depois, aborda a questão da serventia/uso dos recursos dos diferentes atores na Educação: professores, alunos e gestores escolares, realçando que independentemente de quem quer que os use e/ou os crie, há que ter em conta as diretrizes de compartilhar, usar, encontrar, adaptar e criar (Adaptado de REA: um caderno para professores (2011)).
De seguida, salienta o facto de as tecnologias digitais terem revolucionado a forma de distribuição e uso das obras criativas que, no fundo, as tornaram Recursos Educacionais Abertos explicando que mesmo assim engana-se quem pensa que isso possa significar a perda dos direitos autorais. Com isto faz a ponte com a Licença “Creative Commons” (a qual considera uma das novas formas de gestão da propriedade intelectual) e as suas condições para gestão dos recursos.
Finaliza, então, com a apresentação de locais online direcionados para encontrar os recursos, para os criar e para os partilhar.

Apreciação crítica:
Esta apresentação multimédia tem uma licença Creative Commons (CC), não comercial o que permite também a aplicação dos 4Rs inerentes aos REA: reuse, redistribute, revise, remix (Wiley, 2009). Quanto à apresentação, considero-a bastante apelativa e criativa não só pelas imagens utilizadas, mas também conteúdo exposto de forma objetiva que permite aos primeiros “navegantes” deste oceano – REA – perceberem o que são e como funcionam mediante os diferentes utilizadores: professores, alunos e/ou gestores educacionais. 

  • SEGUNDO RECURSO
Referência:
Recursos Educacionais Abertos (REA): Um caderno para professores (2011). Campinas, SP: Educação Aberta

Descrição:
Este caderno foi feito visando os professores, principalmente os do ensino básico, na medida em que o grupo que o elaborou baseou-se nas suas próprias experiências nas escolas públicas e particulares, particularmente com professores que trabalham com as condições do ensino básico público urbano.
Este é um REA na medida em que grande parte do que nele se encontra aqui foi remixado (emprestado, traduzido, modificado) de outros recursos com licenças de direito autoral livres. Justamente por serem recursos abertos, não tiveram que pedir permissão para cada editora ou site para que pudessem fazer uso dos textos que ao longo das suas páginas se encontra.
Elas expõem uma visão global de todo o processo envolvido na produção de um recurso repartido em três partes. A primeira diz respeito à definição e vantagens do uso dos REA. Na segunda, encontramos as respostas aos “Como”, ou seja, explica e exemplifica a maneira de encontrar, criar, compartilhar. Acrescenta ainda uma reflexão acerca dos motivos e motivações para partilhar recursos. A terceira e última parte é concernente às licenças e à forma de serem utilizadas.
Concluindo, este material ajuda indubitavelmente à perceção de como, quando, e porque compartilhar conhecimento e recursos patenteando que, compartilhando boas ideias, estaremos a pensar em novas maneiras de fazer uso de recursos educacionais, em novas práticas didáticas e a encorajar a troca de experiências entre alunos e professores.

Apreciação crítica:
O caderno Recursos Educacionais Abertos (REA): Um caderno para professorescompartilhado com uma licença de direito autoral livre,  configura-se como um item importante no seio do estudo dos REA na medida em que ao lê-lo pensamos: “mas eu já faço parte do movimento e nem sabia!”. Ele é uma mais-valia pois permite ter uma visão geral sobre o tema com exemplos práticos da sua aplicação. Fomenta também uma consciência crítica sobre o papel de cada um numa sociedade cada vez mais mediada por recursos digitais, onde a troca livre de ideias, conhecimentos e a partilha do seu produto final – os REA – trazem à Educação uma nova roupagem.  


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

CIBERCULTURA E O 2º DILÚVIO - PIERRE LÉVY

  



Nos dias de hoje, a vida das pessoas está intimamente ligada e dependente do uso das novas tecnologias quer em termos pessoais quer profissionais. As novidades que a tecnologia trouxe para a modernidade a partir das décadas de 60 e 70, tal qual a possibilidade de remixagem de textos, utilização de técnicas literárias como cópia-colagem, o advento da internet entre outros, geraram diversos debates sobre questões sociais. Neste contexto, durante a década de 80, novos termos como cibercultura, proposto por Pierre Lévy e ciberespaço, por  William Gibson, surgiram.
 Cibercultura é a cultura que surgiu e continua a evoluir  a partir do uso da rede de computadores que revoluciona  os meios de comunicação  através de computadores. É também o estudo de vários fenómenos sociais associados à internet e outras novas formas de comunicação em rede, como as comunidades on-line, jogos de multi-utilizadores , jogos sociais, chat´s, blogues e inclui questões relacionadas à identidade, privacidade e formação de rede. Conforme Pierre Lévy a emergência da cibercultura provoca uma mudança radical  no imaginário humano, transformando a natureza das relações dos homens com a tecnologia e entre si.

O conceito de cibercultura é trabalhado de forma diferente por muitos autores e embora existam quatro linhas de análise do conceito - utópica, informativa, antropológica e epistemológica, Pierre Lévy  perceciona o conceito de forma utópica, referindo-se ao advento de novas mídias e como estes influenciam a sociedade, formando subculturas. 

A velocidade e facilidade com que ocorre a comunicação virtual entre as pessoas, no denominado ciberespaço , fomenta a partilha de funções cognitivas como a memória, a percepção e a aprendizagem. Por outro lado, o  equilíbrio entre os dois opostos -  cooperação vs competição - proporciona uma maior produção do conhecimento  com oportunidade de auto-organização através do que Lévy define como inteligência coletiva. O uso da internet criou indubitavelmente um espaço de fluxo comunicacional, um mundo permeado pela tecnologia, que influencia as formas de sociabilidade na medida em que  o Ciberespaço não veio eliminar outros meios de comunicação, mas apenas possibilita formas mais práticas de conhecimento, de relacionamento e interação.

  Para Lévy, a essência da cibercultura é paradoxal, pois a Internet é  "universal sem totalidade", ou seja, ela não encerra em si mesma um significado pois o “universo de informações” circulantes é alimentado pelo indivíduo  É neste sentido que o autor nos redireciona para a ideia de  "segundo dilúvio", originalmente concebida por Roy Ascott, que consiste no estabelecimento de um paralelo entre a atual explosão de informações, possível graças ao enorme desenvolvimento das telecomunicações (incluindo a Internet), e o dilúvio bíblico. Metaforicamente, tal como Noé, sentimo-nos a naufragar num oceano informacional ao navegar pela internet,
sem saber que informações essenciais devemos selecionar para guardar na nossa “arca”. No entanto, esse segundo dilúvio nunca cessará e como tal,  com um espírito aberto e receptivo à mudança, temos de preparar as novas gerações para  selecionarem a informação em função das várias arcas que coexistem no ciberespaço  .

“O segundo dilúvio não terá fim. Não há nenhum fundo sólido sob o oceano de   informações. Devemos aceitá-lo como nossa nova condição. Temos que ensinar nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a navegar”. 
                         Pierre Levy. Cibercultura. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2000.p. 15


Concluindo, apesar da incapacidade de cada um nadar  contra  ao dilúvio informacional, temos de ter noção que  o ciberespaço é pois “um dos instrumentos privilegiados” para o suporte e desenvolvimento da inteligência colectiva, e  cada um de nós deve assumir a perspetiva de que a responsabilidade da transformação, numa universalidade não totalizante, será sempre dos indivíduos, da forma como se apropria das técnicas e do uso que lhes dá.

 Tendo em conta o exposto, passo a exemplificar  três  "modelos" daquilo que incorpora o verdadeiro sentido de cibercultura:



  • Redes sociais (facebook, twitter, google +)




  • Blogs


  • Fóruns.




Destes três exemplos dados, podemos salientar que facilitam a comunicação digital suportada pela internet onde, independentemente da idade e desde que tenha competência digital, qualquer indivíduo pode contribuir para o crescimento da sua identidade e para a "inteligência coletiva". Isto na medida em que são espaços virtuais que promovem o dinamismo comunicacional através da interação entre as pessoas, da pesquisa e da partilha e reformulação de informação.


Concluindo, 
com a sua obra, Pierre Lévy deu-nos uma visão positiva da cibercultura criada pelas sociedades, deixando bem claro que os caminhos futuros cabe a cada utilizador traçá-los e redefini-los. Apesar da incapacidade de cada um nadar  contra  ao dilúvio informacional, temos de ter noção que  o ciberespaço é pois “um dos instrumentos privilegiados” para o suporte e desenvolvimento da inteligência colectiva, e  cada um de nós deve assumir a perspetiva de que a responsabilidade da transformação, numa universalidade não totalizante, será sempre dos indivíduos, da forma como se apropria das técnicas e do uso que lhes dá.

Referências:

LÉVY, P. ( 2000).Cibercultura . São Paulo:Editora
 Jornal da Ciência: www.jornaldaciencia.org.br (30/11/2013)
Entrevista Roda Viva (TV Cultura) sobre o 2º dilúvio: http://www.youtube.com/watch?