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Á descoberta de novas aprendizagens do Elearning...

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

CIBERCULTURA E O 2º DILÚVIO - PIERRE LÉVY

  



Nos dias de hoje, a vida das pessoas está intimamente ligada e dependente do uso das novas tecnologias quer em termos pessoais quer profissionais. As novidades que a tecnologia trouxe para a modernidade a partir das décadas de 60 e 70, tal qual a possibilidade de remixagem de textos, utilização de técnicas literárias como cópia-colagem, o advento da internet entre outros, geraram diversos debates sobre questões sociais. Neste contexto, durante a década de 80, novos termos como cibercultura, proposto por Pierre Lévy e ciberespaço, por  William Gibson, surgiram.
 Cibercultura é a cultura que surgiu e continua a evoluir  a partir do uso da rede de computadores que revoluciona  os meios de comunicação  através de computadores. É também o estudo de vários fenómenos sociais associados à internet e outras novas formas de comunicação em rede, como as comunidades on-line, jogos de multi-utilizadores , jogos sociais, chat´s, blogues e inclui questões relacionadas à identidade, privacidade e formação de rede. Conforme Pierre Lévy a emergência da cibercultura provoca uma mudança radical  no imaginário humano, transformando a natureza das relações dos homens com a tecnologia e entre si.

O conceito de cibercultura é trabalhado de forma diferente por muitos autores e embora existam quatro linhas de análise do conceito - utópica, informativa, antropológica e epistemológica, Pierre Lévy  perceciona o conceito de forma utópica, referindo-se ao advento de novas mídias e como estes influenciam a sociedade, formando subculturas. 

A velocidade e facilidade com que ocorre a comunicação virtual entre as pessoas, no denominado ciberespaço , fomenta a partilha de funções cognitivas como a memória, a percepção e a aprendizagem. Por outro lado, o  equilíbrio entre os dois opostos -  cooperação vs competição - proporciona uma maior produção do conhecimento  com oportunidade de auto-organização através do que Lévy define como inteligência coletiva. O uso da internet criou indubitavelmente um espaço de fluxo comunicacional, um mundo permeado pela tecnologia, que influencia as formas de sociabilidade na medida em que  o Ciberespaço não veio eliminar outros meios de comunicação, mas apenas possibilita formas mais práticas de conhecimento, de relacionamento e interação.

  Para Lévy, a essência da cibercultura é paradoxal, pois a Internet é  "universal sem totalidade", ou seja, ela não encerra em si mesma um significado pois o “universo de informações” circulantes é alimentado pelo indivíduo  É neste sentido que o autor nos redireciona para a ideia de  "segundo dilúvio", originalmente concebida por Roy Ascott, que consiste no estabelecimento de um paralelo entre a atual explosão de informações, possível graças ao enorme desenvolvimento das telecomunicações (incluindo a Internet), e o dilúvio bíblico. Metaforicamente, tal como Noé, sentimo-nos a naufragar num oceano informacional ao navegar pela internet,
sem saber que informações essenciais devemos selecionar para guardar na nossa “arca”. No entanto, esse segundo dilúvio nunca cessará e como tal,  com um espírito aberto e receptivo à mudança, temos de preparar as novas gerações para  selecionarem a informação em função das várias arcas que coexistem no ciberespaço  .

“O segundo dilúvio não terá fim. Não há nenhum fundo sólido sob o oceano de   informações. Devemos aceitá-lo como nossa nova condição. Temos que ensinar nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a navegar”. 
                         Pierre Levy. Cibercultura. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2000.p. 15


Concluindo, apesar da incapacidade de cada um nadar  contra  ao dilúvio informacional, temos de ter noção que  o ciberespaço é pois “um dos instrumentos privilegiados” para o suporte e desenvolvimento da inteligência colectiva, e  cada um de nós deve assumir a perspetiva de que a responsabilidade da transformação, numa universalidade não totalizante, será sempre dos indivíduos, da forma como se apropria das técnicas e do uso que lhes dá.

 Tendo em conta o exposto, passo a exemplificar  três  "modelos" daquilo que incorpora o verdadeiro sentido de cibercultura:



  • Redes sociais (facebook, twitter, google +)




  • Blogs


  • Fóruns.




Destes três exemplos dados, podemos salientar que facilitam a comunicação digital suportada pela internet onde, independentemente da idade e desde que tenha competência digital, qualquer indivíduo pode contribuir para o crescimento da sua identidade e para a "inteligência coletiva". Isto na medida em que são espaços virtuais que promovem o dinamismo comunicacional através da interação entre as pessoas, da pesquisa e da partilha e reformulação de informação.


Concluindo, 
com a sua obra, Pierre Lévy deu-nos uma visão positiva da cibercultura criada pelas sociedades, deixando bem claro que os caminhos futuros cabe a cada utilizador traçá-los e redefini-los. Apesar da incapacidade de cada um nadar  contra  ao dilúvio informacional, temos de ter noção que  o ciberespaço é pois “um dos instrumentos privilegiados” para o suporte e desenvolvimento da inteligência colectiva, e  cada um de nós deve assumir a perspetiva de que a responsabilidade da transformação, numa universalidade não totalizante, será sempre dos indivíduos, da forma como se apropria das técnicas e do uso que lhes dá.

Referências:

LÉVY, P. ( 2000).Cibercultura . São Paulo:Editora
 Jornal da Ciência: www.jornaldaciencia.org.br (30/11/2013)
Entrevista Roda Viva (TV Cultura) sobre o 2º dilúvio: http://www.youtube.com/watch?







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